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FILOSOFIA CLÍNICA - Diálogos Transversais

FILOSOFIA CLÍNICA - Diálogos Transversais

By Ana Rita de Calazans Perine / Instituto ORIOR

Clínica filosófica em dialógica com outras áreas do conhecimento e expressões humanas. Momentos de atravessamentos e conexões, onde minhas inquietudes talvez encontrem as de vocês e possamos avançar juntos... Por Ana Rita de Calazans Perine / Instituto ORIOR

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ESTRUTURAS DE PENSAMENTO - Dinâmica que move homens e mundos

FILOSOFIA CLÍNICA - Diálogos TransversaisJun 08, 2023

00:00
06:22
DESCONCERTO
May 09, 202407:28
A ILUSÃO DO OUTRO
Mar 21, 202404:02
MASCARAMENTOS

MASCARAMENTOS

"Aproximamo-nos do tema considerando os eixos do autoconhecimento e da alteridade, dimensão do outro que habita dentro e fora de mim. Assim, o calçar máscaras nos remete a níveis distintos de absorção da realidade, onde a ação se molda a partir da leitura que faço do interno e do externo, mapeando territórios, aferindo temperaturas e buscando a têmpera: consistência / equilíbrio que possibilite o movimento, o livre circular. 

Conscientes ou não, mascaramentos nos conduzem ao longo da vida; mais do que máscaras e/ou escudos, são ferramentas que expressam faces e fases de nós mesmos.

A vida nos impele a constantemente rever leituras, colhendo respostas e aprofundando perguntas em pleno viver. Uma leitura rasa tende a desinformação e a hipocrisia, além de ser presa fácil para manipulações de toda ordem.  Na medida em que navegamos pela existência, melhor observamos tempos e modos próprios, de circunstâncias e de relações. Questão de equacionarmos liberdade e compaixão na expressão de quem somos, para não violentarmos nem a nós nem aos outros. 

"Tudo me é lícito, mas nem tudo me convém" - noção de liberdade, expressa por São Paulo, o apóstolo. "Nada do que é humano me é estranho" - noção de compaixão, de Terêncio, dramaturgo romano. Para isso assimilar há que termos bagagem não só teórica, também prática! A diferença se assemelha ao embaraçoso contraste entre quem perambula com uma pesada mala sem alça e outro com uma mala de rodinhas ergonômica.

Há que mapearmos os buracos ao longo do caminho para, se não pudermos pavimentá-los (e nem todos os consertos são de nossa responsabilidade), buscarmos rotas de fuga, evitando desgastes desnecessários e, o que é ainda pior, que essa máquina maravilhosa que momentaneamente nos pertence (nosso corpo) sucumba antes de concluirmos o que aqui viemos realizar.

Máximas como "não há vento bom pra barco sem rumo" e "porto é um lugar seguro, mas navio foi feito para navegar" estimulam processos de autodescobertas.

Nesse contexto o mascaramento passa a ter um papel pedagógico, como uma espécie de filtro que nos aproxima de nós mesmos e dos demais na proporção exata da nossa capacidade de sustentação (nos sustentarmos em ação) e necessidade de nutrição. Ocasião em que enxergamos, refletimos e atuamos sobre o que já estamos preparados para perceber. Que essa ação, dirigida a gente e aos que nos cercam seja capaz de apresentar liberdade e compaixão, justo por trazer registrada a nossa história sem apequenar ou apagar a história do meio onde ela se insere. "


Ana Rita de Calazans Perine

orior.com.br/ana-rita

Mar 14, 202404:26
O RISCO DA FILOSOFIA

O RISCO DA FILOSOFIA

" A filosofia (e o filosofar) está em tudo que nos toca e atravessa, é disposição originária e própria do humano, permeia o universo do ser. 

A filosofia não nasce na Academia, ela é pela Academia absorvida e por vezes por ela engessada em teorias e correntes de pensamento que aprisionam ideias alheias, nascidas do livre circular, sem libertar suas próprias. 

O filosofar é da vida e do viver, ainda que possa estar no meio acadêmico, não é ditado por títulos, insígnias e chancelas. 

Filosofia é pathos (paixão, afeto, empatia, emoção, persuasão), ethos (ética, autoridade moral) e logos (lógica, razão): os três pilares da retórica, segundo Aristóteles. Um discurso, ainda que persuasivo, pode não trazer verdade nem permitir sua checagem, não trazendo nem permitindo, seria um discurso vazio.

Verdade é busca. Checagem, indícios que dela encontramos no processo de estar aqui e agora, em relação com a vida, inseridos no pulso da existência, experimentando e experienciando. Daí a prática do laboratório grego, filosofia promovendo ajustes necessários no processo do viver. Não há transcendência sem experiência, nem avanço sem fronteira. 

Percorremos o território da existência impondo e ampliando limites. Na zona fronteiriça, divisa entre eles, carimbamos o passaporte do aprendizado. Ele é o salvo conduto, nosso passe livre, convertido em bagagem, repertório, histórias para contar, inquietudes para compartilhar, conhecimentos para disseminar... 

O risco da filosofia?! Talvez o inerente a um bem conduzido processo terapêutico: nos colocar diante de nós mesmos!"


Ana Rita de Calazans Perine orior.com.br/ana-rita

Mar 07, 202402:38
O CARÁTER VOLÁTIL DAS RELAÇÕES

O CARÁTER VOLÁTIL DAS RELAÇÕES

"...Acordei refletindo sobre a efemeridade dos laços, incomodada com a pouca profundidade, olhar reduzido e honestidade das relações, seja da gente com a gente mesmo ou da gente com a vida. O que não deixa de ser curiosa redundância quando pensamos na palavra Vida ser capaz de englobar a nós mesmos e todo nosso entorno, desde fora até dentro. De certo modo esse termo, equívoco / ambíguo por natureza, comporta sentidos tão diversos quanto às subjetividades que o movimentam. E aí, de onde meu olhar alcança, confunde-se com o que em Filosofia Clínica nomina-se Estrutura de Pensamento: o que nos preenche, habita, suporta, possibilita e abriga.

O volátil nem sempre se desfaz. Ainda que modifique seu estado de apresentação, altere tempos e espaços, introduzindo variáveis até então não percebidas no corriqueiro cotidiano do mundo circunstancial... Outro jeito, nova forma de nos percebermos e de nos localizarmos existencialmente, como se pressão e temperatura ambiente vaporizassem certezas, relativizassem saberes e questionassem verdades tidas como inabaláveis.

A vida nos movimenta, nós nos movimentamos pela vida ou nós que movimentamos a vida? O que dá liga entre viventes e a vida, o que possibilita interseções positivas e duradouras?

Pessoas se aproximam e afastam, emitem opiniões e desferem juízos, muitas vezes antecipados, sem perceberem alterados seus ângulos de visão e a si próprios. O efêmero é passageiro, temporário e transitório a partir da coisa em si ou do olhar de quem olha?!

A vida nos movimenta, nós nos movimentamos pela vida ou nós que movimentamos a vida? Presas em meio à pressa de imediatismos e utilitarismos exacerbados, quase sucumbimos como seres relacionais capazes de autocrítica e correções de rota.

No fio da navalha entre fantasia e realidade, bifurcação que descortina outros horizontes possíveis, realidade fantástica: corda bamba para uns, chão firme para outros. Criação humana em leitura divina e/ou criação divina em leitura humana?!

Nesse jogo de forças - buscando resultados rápidos, massageando egos e insuflando paixões - muitos se apresentam como portadores da Verdade, como se ela estanque fosse e não decorresse de inúmeras coconstruções efetivadas vida a fora. Por vezes não se percebem ventríloquos de onipotência e presença emudecedora, por outras intencionalmente manipulam, enfeitiçam e adormecem.

Vocês talvez possam estar se perguntando, assim como eu faço agora, por que cargas d´água trago um tema tão espinhoso, ainda que trivial, logo às vésperas da folia de carnaval? Ora Minha Gente, como se isso não fizesse parte da nossa experiência humana, temporariamente circunscrita na matéria. Não nos avexemos não... Seja na entrega aos blocos ou no retiro das festas, nas cidades ou matas, serra ou litoral, que a catarse venha com consciência e que Baco nos acompanhe, mas não ouse nos entorpecer para roubar a cena... Nossa história, bem ou mal, entre erros e acertos, somos nós que escrevemos... Que o aprendizado prossiga!"


(Ana Rita de Calazans Perine)

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Feb 08, 202404:37
RECORRÊNCIAS QUE LIBERTAM

RECORRÊNCIAS QUE LIBERTAM

"...Sábado à tarde, máquina de lavar-roupas funcionando e eu meio que de molho, em suspensão, procurando aterrissar com um pouco mais de consistência e pertinência em meio às recorrências cotidianas... 

Haveria um posicionamento justo, correto, nesse turbilhão de acontecimentos que soterra e destampona o ser gente... Quais os modos, tempos e idades que ditam frescor, que insuflam ardor as humanidades? Quantos JÁ ERA comportariam o que antes ERA certo? Se ERA foi, permanece de outra maneira a substância que agora e outra vez toma forma...

Reconfigurado no presente, flutuando em amplos espectros de afirmação e negação, onde o lenitivo das certezas nos espreita... Haveria nelas eixo, chão?! Algo de não conformista em cada arrebentação que desnuda a ilusão... Seria original ou roupagem surrada a NOVA ERA?

O que sopra a poeira dos dias... O que desengordura o arremedo de ser gente na gente?! É demasiado o que faz de nós humanos... Ou atrofia a rede que tolhe e não acolhe e recolhe o que há de mais vivo no moribundo que pesa, satura e encapsula o brilho da gente?!

Faz um bom tempo que abri mão de amaciantes, se o excesso de perfume pode confundir as fibras das roupas, atraindo resíduos... o que fazem holofotes sociais e seus vernizes?! Os discursos se autoflagelam ao admitirem um só curso... Curvas são abolidas em prol das retas. Dissonâncias não detectadas, melhor, estrategicamente invisibilizadas, alimentam a normose do violento gozo, aquele que silencia prazeres...

A roupa segue batendo na máquina, eu busquei o sol... Estou aqui, sentada no jardim do prédio, sentindo a brisa, observando a mobilidade dos veículos e transeuntes em contraste com a aparente imobilidade da Catedral... Nela ainda há a cadência surda do relógio que teima em ditar o caminhar... E em mim, o que há?!

O céu, o vento e as nuvens sempre me apaziguaram: trino que faz da dualidade um... Enquanto há luz e o programa não finda a máquina persiste: molho, lava, enxagua, centrifuga... Como o corpo encantado respira e transpira o pulso que sopra para além e ritmadamente se mantém.

Percorremos noites e dias, mapeamos ciclos, contornamos começos e fins, desdobramos eras... Que algum dia possamos nos perceber humanos como Vida espraiada sobre si mesma, à semelhança de roupas estendidas no varal, ao sabor dos tempos...

A máquina parou de funcionar, a programação automática concluiu seu curso, agora é comigo! Ela me chama... Ainda que concreta a elegância ou deselegância, somos mutantes e isso me anima... Sopra uma brisa suave, aproveitemos os momentos! Há quem diga ser nossa vã liberdade."

 

Ana Rita de Calazans Perine

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Jan 13, 202405:05
Novo de novo: CÂNTICO NEGRO

Novo de novo: CÂNTICO NEGRO

Poema-manifesto que desde que conheci me suspende e atravessa com o ardor da primeira vez: "CÂNTICO NEGRO", de José Régio, pseudônimo de José Maria dos Reis Pereira (1901-1969 / Vila do Conde, Portugal). Integra seu primeiro livro: "Poemas de Deus e do Diabo", de 1926. A religiosidade, um dos pilares de suas reflexões metafísicas, é recorrente em sua obra. 

(Ana Rita de Calazans Perine)

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“Vem por aqui” — dizem-me alguns com os olhos doces

Estendendo-me os braços, e seguros

De que seria bom que eu os ouvisse

Quando me dizem: “vem por aqui!”

Eu olho-os com olhos lassos,

(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)

E cruzo os braços,

E nunca vou por ali.


A minha glória é esta:

Criar desumanidades!

Não acompanhar ninguém.

— Que eu vivo com o mesmo sem-vontade

Com que rasguei o ventre à minha mãe.…..


Não, não vou por aí!

Só vou por onde

Me levam meus próprios passos…

Se ao que busco saber nenhum de vós responde

Por que me repetis: “vem por aqui!”?

Prefiro escorregar nos becos lamacentos,

Redemoinhar aos ventos,

Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,

A ir por aí…


Se vim ao mundo, foi

Só para desflorar florestas virgens,

E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!

O mais que faço não vale nada.


Como, pois, sereis vós

Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem

Para eu derrubar os meus obstáculos?…

Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,

E vós amais o que é fácil!

Eu amo o Longe e a Miragem,

Amo os abismos, as torrentes, os desertos…


Ide! Tendes estradas,

Tendes jardins, tendes canteiros,

Tendes pátria, tendes tetos,

E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios…

Eu tenho a minha loucura!

Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,

E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios…


Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém!

Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;

Mas eu, que nunca principio nem acabo,

Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo...


Ah, que ninguém me dê piedosas intenções,

Ninguém me peça definições!

Ninguém me diga: “vem por aqui!”

A minha vida é um vendaval que se soltou,

É uma onda que se alevantou,

É um átomo a mais que se animou…

Não sei por onde vou,

Não sei para onde vou

Sei que não vou por aí!


Jan 01, 202404:04
GUERRA E PAZ COTIDIANAS - Nietzsche e o Bom Velhinho

GUERRA E PAZ COTIDIANAS - Nietzsche e o Bom Velhinho

" (...) Mais um Dezembro instaurado no calendário, convenção social que orienta vidas e atropela importâncias...

 Aqui na Serra Gaúcha, uma região onde o Natal azeita ainda mais as engrenagens do turismo, ao menor descuido, os pensantes, torcemos o nariz para a época, de tão enfarados que estamos do bombardeio maciço e massivo - externo, profano e instagramável - do que antes era impulso interno, sagrado...

 Há dias busco o mínimo de inspiração para fazer algum pequeno arranjo em casa, que suscite a potência por vezes esquecida de uma época, similar a de agora, plena de incoerências e contrastes.

 Ainda hoje relia as cartas trocadas entre Einstein e Freud, sobre a Guerra... Olhares que se complementam... Mesmo com abordagens distintas, uma aparentemente mais idealizada e romantizada que outra,  ambos sonhando com o dia em que vingue o melhor do ser humano.

Entre os incômodos que me habitam e de certo modo me acalentam: constatar diariamente que a Paz não necessariamente exclui o conflito, mas o apresenta (torna visível) possibilitando a cada um de nós a escolha de querer ou não, a seu modo, ultrapassá-lo.

Estou aqui me policiando para não cair em devaneios acentuados, olhar mais tempo do que suportaria para o abismo humano, tampouco dar margem a incompreensão dos que habituados estão a tudo medir como se só uma régua existisse, a sua. Mas é fundamental assinalar que uma forma eficaz de promovermos ajustes de rota necessários é justo não invisibilizarmos o caminho percorrido. Claro, com aconselháveis  generosidade, cuidado e amor próprio para colher do trajeto experiências, para além de dores e mágoas...

A potência humana é grande, surpreende tanto na ascensão quanto na derrocada, saibamos elege-la!

Deixo aqui um texto que escrevi há mais de uma década... É de uma época que guardo na memória com muito carinho: preparava a casa nova, em meio as montanhas de Minas Gerais, para receber familiares vindo do Sul para as festas de Natal e Ano Novo. Talvez ele diga mais para vocês do que eu consiga hoje dizer...

Penso que somos nós quem trazemos para o aqui e agora a Luz do Natal, capaz de converter viradas de calendário em um novo ano. Que Ela nasça em todos os corações e ilumine pensamentos, palavras e atos. Que transcenda individualidades e se perceba como fluxo contínuo de uma inspiradora coletividade: a humanidade em marcha! (...)"

Ana Rita de Calazans Perine

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Dec 03, 202309:36
convite conferência A EXISTÊNCIA HUMANA
Oct 20, 202302:04
AGENDAMENTOS POÉTICOS E REFLEXIVOS – Feira do Livro e Encontro de Filosofia Clínica

AGENDAMENTOS POÉTICOS E REFLEXIVOS – Feira do Livro e Encontro de Filosofia Clínica

"...compartilhando com vocês algumas notícias aqui da Serra Gaúcha que, sim, perfeitamente dialogam com a Filosofia Clínica, enquanto poética da singularidade... Guardamos uma originalidade própria expressa no modo de ser, de perceber e de nos relacionarmos com o mundo. Podemos apresentar semelhanças na forma de lidar com a existência, claro, mas ainda assim, conservamos peculiaridades muito específicas, impressão digital de nossos feitos, de nossas leituras e escritas vida a fora. Por falar em leituras, escritas e singularidades, esse mês de Outubro por aqui promete...

A 26ª Feira do Livro de Gramado será realizada entre os dias 06 e 15 de Outubro, às margens do Lago Joaquina Rita Bier. Com o tema “histórias que transformam” propõe a construção de um mundo melhor e mais inclusivo, que passa pelo exercício consciente e respeitoso de nos aproximarmos do universo do outro. Vai ter muita coisa boa acontecendo por lá, vale conferir! Entre as novidades, Banca dos Escritores Gramadenses e moradores aqui da região. O livreto “Entre Mundos, Sonhos e Verdades – O inédito que faz o cotidiano especial e revela a magia do real”, que estarei lançando e autografando no dia 12, às 17 horas, também estará na Banca. Partindo de memórias e aventuras de infância, ele lança um convite e ativa um pequeno e potente lembrete: o convite, celebrar a vida e nutrir as relações; o lembrete, acreditar no poder dos sonhos e na capacidade humana de concretizá-los.

Terminada a Feira do Livro, no finalzinho da segunda quinzena de Outubro, entre os dias 26 e 29, ocorrerá o XXIV Encontro Nacional e III Encontro Internacional de Filosofia Clínica, que traz o tema: “Filosofia Clínica e Alteridade”.  Integrará a programação a conferência aberta e gratuita, “A Existência Humana”: dia 27 de Outubro, às 15:45 horas, no auditório da UCS Região das Hortênsias. Na ocasião a mesa será composta pelos Professores: Evaldo Kuiava, Cyril Aslanov, Lúcio Packter e Gláucia Tittanegro. Um momento ímpar para repensarmos o viver em comunidade..."


Ana Rita de Calazans Perine

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Oct 04, 202303:19
 OBSERVADORES DE NÓS MESMOS

OBSERVADORES DE NÓS MESMOS

"Nós pensamos ou somos pensados?! Temos emoções e pensamentos ou eles nos têm?!  

Nesses tempos de afobação e pressa, onde o sistema nos incute a obrigação de ter que ganhar a vida, como se ela já não estivesse ganha desde o nosso nascimento, ao menor descuido alimentamos as sórdidas engrenagens que nos induzem a amar as coisas e usar as pessoas.

O quase mantra “ocupado ou desocupado, jamais preocupado” deveria ser por nós mais entoado. Eu mesma precisei romper com uma mescla de preguiça e cansaço para me ocupar com o presente Episódio e despreocupar do compromisso agora não mais pendente.

Por que digo isso?! Para enfatizar que uma coisa é conhecer e até mesmo transferir o conhecimento enquanto informação, bem outra é aplicar o conhecido, passar pelo crivo da prática, da experimentação, que dá liga e confere coerência entre pensamento, palavra e ação.

Ainda que tenhamos uma vivência robusta na auto-observação de pensamentos e de emoções, que se conheça muitas técnicas e se tenha desenvolvido outras tantas, como método de promoção de ajustes necessários para dias menos estafantes e um pouco mais equilibrados, volta e meia, como humanos em construção que somos, chafurdamos na lama mais do que gostaríamos...

Perceber e monitorar as dificuldades do caminho, propondo soluções nelas pautadas demanda “dar-se tempo e espaço”, aprender a rir de si mesmo, exercitar a paciência, a arte de contemplar os tempos de cada qual.

De onde percebo, o que mais costuma faltar na indústria milionária do bem-estar solúvel, que pela venda à granel dilui propósitos, amor próprio e autocuidado em xaropes açucarados de sucesso.

 No jogo de forças entre necessidades e temor, a validação comprada cobre o buraco da falta de intimidade com a gente mesmo, com o outro e com a vida.

Daí resgatar a visão mitológica e platônica do amor evolvido com a sutilização dos desejos e refino na busca da beleza... Ainda que Eros (amor) nasça sobre o signo de Afrodite (beleza), é filho de Poros (abundância) e Pênia (escassez), o que traduz um pouco de sua instabilidade: deseja o que não possui e teme perder o que possui. No embate entre avançar e recuar, o risco de paralisar. Entendido dialeticamente o Amor não é mortal nem imortal, não é pobre nem rico, nem ignorante nem sábio. Ele nos coloca em condições de experiência, de percorrer o caminho entre vazio e preenchimento.

Consciente de sua carência (falta), aspira (busca) beleza e sabedoria. Daí a travessia da alma humana na direção de refinar os graus de beleza, de sutilizar os desejos, do exterior para o interior: dos corpos aos pensamentos, sentimentos e ações; da aparência para essência...  

Se o tradicional embate entre TER e SER já causava certo incômodo, imaginem quando o PARECER alimenta a guerra. Impera a ostentação. E não é só no funk, não... Também no meio acadêmico e empresarial, nas famílias, nos grupos de amigos, nos religiosos e espiritualistas.

Voltemos para aquelas perguntinhas iniciais... Nós pensamos ou somos pensados?! Temos emoções e pensamentos ou eles nos têm?! Sem discernimento, autoanálise e pensamento crítico, Minha Gente, tendemos a marionetes... E os que no alto de seu poderio financeiro e hierárquico julgam-se marionetistas, atenção redobrada, muito provavelmente mãos invisíveis os movam... Quem sabe as do mercado?!"

Ana Rita de Calazans Perine

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Sep 22, 202305:36
SETEMBROS

SETEMBROS

"...Setembro é um mês curioso... De um lado, aqui no Hemisfério Sul, a expectativa da primavera, o renascer em explosões de cor e vida, natureza em profusão, prenúncio do verão... De outro, campanha de prevenção ao suicídio, questão humana, de saúde mental e pública! E assim deveria ser enfrentada... 

Desde 2015, por iniciativa do Centro de Valorização da Vida, do Conselho Federal de Medicina e da Associação Brasileira de Psiquiatria, a campanha brasileira "Setembro Amarelo" abre espaço para debates sobre o suicídio,  alertando a população sobre a importância da discussão, ainda um tabu... 

O mês de Setembro foi o escolhido porque, desde 2003, o dia 10 de Setembro é celebrado como Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio. A cor Amarelo remete ao caso do jovem americano, Mike Emme... Depois de restaurar e pintar dessa cor seu sonhado Mustang 68, nele, em 1994, aos 17 anos, tira a própria vida... No funeral seus amigos e familiares, que não o perceberam em sofrimento psíquico, distribuíram cartões com fitas amarelas e mensagens de apoio para pessoas que estivessem enfrentando desespero similar.

Para atuarmos na prevenção do suicídio, há que desmistificá-lo! Ele ronda família, trabalho, grupo de amigos, escola... Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde) no mundo o suicídio é a terceira causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos e a sétima causa de morte de crianças entre 10 e 14 anos. Na última década os casos de suicídio no Brasil aumentaram 43% no total, entre os adolescentes o aumento foi de 81%... A cada dia 38 pessoas tiram a própria vida no Brasil, sendo que para cada caso de suicídio há até 20 tentativas frustradas...

Entendo e apoio a iniciativa "Setembro Amarelo", o que não me impede de questionar os meios e modos de trazer à luz o tema... Como fazê-lo sem diminuir nem acentuar sentimentos que costumam se fazer presentes nos quadros, como os de incapacidade e inadaptação, de falta de perspectiva, de falta de sentido e significado, de baixa estima, de tristeza excessiva e sofrimento profundo?!

Acolhendo sem julgamentos, ouvindo e buscando compreender. Rosto à rosto, humano à humano, de peito e mente abertos! Indo até o mundo do outro com a humildade de estender a mão e solicitar ajuda e permissão para melhor enxergar e ao lado caminhar...

Acolher não é ditar lições de moral, dogmatizar preceitos, sentenciar trajetórias, impor rótulos e apenas medicalizar... Acolher é dar espaço para o outro ser quem é e como é, para se fazer presente na gente, na família, na sociedade e na vida.

Nas partilhas dos que já pensaram ou atentaram contra a própria vida costuma ser recorrente o fato de quererem eliminar a dor. E dor não vista, Minha Gente, é dor que expande,  dilata, dilacera e mata!

Resgatei uma pequena ponderação de 2022, “O Cinza dos Dias”, escrito pensando no desafio que pode ser o viver, aumentado pela perversa tirania da felicidade que no menor descuido invade nossas casas, mentes e corpos..."

 O CINZA DOS DIAS - https://anaritadecalazansperine.medium.com/o-cinza-dos-dias-d37b1a4a8cb9

(Ana Rita de Calazans Perine)

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Sep 05, 202308:33
CRITICIDADE E LITERATURA
Aug 19, 202304:18
SARAMAGO, Poeta

SARAMAGO, Poeta

José Saramago - romancista, teatrólogo e poeta - primeiro autor de língua portuguesa a receber o Nobel de Literatura, em 1998. Anos antes, em 1995, havia recebido o Prêmio Camões, o mais importante prêmio literário da língua portuguesa. Saramago faleceu em 2010, aos 87 anos, mas a humanidade de sua obra continua a nos "sacudir".... Emociona, inquieta, apazigua, atravessa! Difícil passamos ilesos por ela...  Seu "Ensaio sobre Cegueira", romance de 1995, chegou em 2008 aos cinemas, sob a direção de Fernando Meirelles. Vale conferir! Livro e filme. Mas o que deixo com vocês hoje uma pequena mostra do Saramago poeta e de sua poesia, como ele próprio a ela se referia, "limpa e honesta". Integra  a coletânea "Provavelmente Alegria", de 1970. 

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Na ilha por vezes habitada do que somos, há noites, manhãs e madrugadas em que não precisamos de morrer. Então sabemos tudo do que foi e será. O mundo aparece explicado definitivamente e entra em nós uma grande serenidade, e dizem-se as palavras que a significam. Levantamos um punhado de terra e apertamo-la nas mãos. Com doçura. Aí se contém toda a verdade suportável: o contorno, a vontade e os limites. Podemos então dizer que somos livres, com a paz e o sorriso de quem se reconhece e viajou à roda do mundo infatigável, porque mordeu a alma até aos ossos dela. Libertemos devagar a terra onde acontecem milagres como a água, a pedra e a raiz. Cada um de nós é por enquanto a vida. Isso nos baste.





Jul 31, 202303:07
ESTRUTURAS DE PENSAMENTO - Dinâmica que move homens e mundos

ESTRUTURAS DE PENSAMENTO - Dinâmica que move homens e mundos

"Somos esculpidos e esculpimos o ambiente em que vivemos. A leitura de mundo e de nós mesmos sofre influências e influencia o contexto que nos abriga. Reiteradamente estamos em dialógica com nossas vizinhanças: o que nos cerca, esvazia e preenche. Tempo, lugar, relações e circunstâncias ditam assuntos, questões que nos inquietam e pacificam ao longo da existência.

A ciência afere e constata a ligação mente-corpo, há milênios reconhecida. A chave psico-soma é reiteradamente acionada em nós, quer tenhamos ou não consciência do processo. Assim, o que fazemos ou permitimos que nos façam pode ter implicações físicas.

Quando se tem um pensamento o cérebro produz substâncias que abrem as janelas dos sentimentos, os chamados neuropeptídeos. Eles acionam emoções que se materializam no corpo em amplo espectro. A depender do tipo de pensamento podem variar desde o prazer até a dor.

Ainda que não tenhamos controle sobre grande parte dos acontecimentos, podemos gerenciar nossa forma de lidar com os mesmos. Isso implica em reflexão e autoconhecimento.

(...) O avanço nas ciências médicas e exames de imagens tem apontado um fato intrigante e ao mesmo tempo fascinante: nosso sistema imunológico não só escuta nossos monólogos internos como reage de acordo com as estruturas do nosso pensamento. Ao que tudo indica a resposta de nosso organismo às adversidades cotidianas varia de acordo com a força ou debilidade do amor por nós mesmos, das conexões afetivas e prazerosas, das experiências sublimes que nos elevam e possibilitam sensações de inteireza. Do que se deduz carregarmos verdadeiras farmácias internas, remédios existenciais que poderiam ser acionados mediante pequenos ajustes nos modos próprios de nos colocarmos em movimento.

A genética até então por muitos apontada como um determinismo passa a ser relativizada a ponto de ecoarem vozes, cada vez em maior número e mais enfáticas: quase nada interfere na condição humana!

Entre elas, a do neuropsiquiatra Boris Cyrulnik, professor da Universidade de Toulon / França, referência internacional da chamada resiliência, capacidade do ser humano superar a dor. Ele assinala que mesmo o sofrimento integrando o real da condição humana, a qualidade do que nos rodeia e das relações que estabelecemos vida a fora nos possibilita deixar de sofrer pela representação que fazemos desse real.

(...) O exposto evidencia serem os espaços efetivamente seguros os afetivamente saudáveis, isso vale tanto para mundo interno quanto externo, tanto para relações com a gente mesmo quanto com o meio em que estamos inseridos. Uma amorosidade ciosa, respeitosa e deliberante deveria alcançar singularidades e pluralidades, dentro e fora de nós... deveria atentamente enlaçar dimensões individuais e coletivas, setores privados e públicos... deveria orientar e regular políticas desde a primeira infância, promovendo comunidades de acolhimento, apoio e desenvolvimento.

Nunca é demais lembrar que a melhoria do mundo é engendrada no contínuo aprimoramento humano. Quanto maior o enraizamento no senso de identidade maior a abertura para senso de pertencimento. Como nos ensina a tradição africana expressa no conceito de ubuntu, eu sou porque nós somos! A humanidade, habitando a dimensão do eu e do outro, parece se converter em experiência e angariar aprendizado na medida em que acolhe a alteridade e conjuga o nós. Em outras palavras, exercitamos o melhor na gente (o humano que nos aproxima do divino) legitimando os espaços relacionais existentes entre eu e tu, permitindo a entrada de outros e recebendo confiantes a oportunidade de aprendizado dela decorrente."

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Jun 08, 202306:22
MEDO DA FILOSOFIA, PRA QUÊ?!

MEDO DA FILOSOFIA, PRA QUÊ?!

"É comum ficarmos receosos diante do desconhecido, o não saber e a falta de controle deixam à mostra nossa vulnerabilidade, fazem cair por terra muito da arrogância do eu posso isso e aquilo, tenho pleno controle de mim e da minha vida.

A sentença “querer é poder” é de uma fragilidade desconcertante. Ainda que muito apregoada em treinamentos que vendem saúde, êxito, sucesso e felicidade como fórmulas prontas, que não comportam variáveis e costumam estar a um click de alcance...

Esse mercado brinca com sonhos, mascara singularidades, dogmatiza verdades, padroniza modos de ser e estar em sociedade... Produz discursos em série, impõe frases prontas e, para se perpetuar, faz influenciadores os influenciáveis.

Pensar que é bom, nada! Para quê?! Essa coisa de filósofo cabeção ficar se perguntando o porquê do porquê do porquê é a maior viagem... Coisa do pessoal de humanas... Se não abraça árvores, acolhe bicho, faz poesia ou vira artista. Melhor é ficar na exatidão da vida pacata, naquele corre que afoga o vazio em jantares, ilusão em bazares... Vez ou outra banca de intelectual para aplacar o anestesiamento social que solapa o humano, quebra espelhos, anula ideais, rouba do banal o especial.

Palavras destituídas de sentido, valores invertidos, peitos oprimidos, corações dilacerados... Mas eu ganhei, protegi, investi, conquistei... Só não vivi! E agora?! Quanto tempo me resta?! Tanto me mascarei, haverá ainda uma fresta?! Na qual me perceba, mesmo difuso, a miúdo?!

Mesmo temente à vida se acende, pelo perguntar a porta destrava, já se mostra entreaberta, a esperança agora convida o que antes amedrontava.

A filosofia persiste, com ela o humano aflora, resiste. Esse amor à sabedoria que dizem defini-la, quem diria, não paira só no etéreo abstrato, alcança o concreto, se nota nas interrogações que se somam aos diálogos e se convertem em realizações.

Pensar exercitado educa. Sensibilizado pelo sentir, capacita e potencializa o fazer. Resgata a utopia, pela distopia paralisada, a faz renascer. O poder já não vem do querer, mas da busca de quem quer um dia, talvez, chegar a saber. Enquanto isso, todos temos o que ensinar e o que aprender.

Filosofia não é para um grupo de seletos, permeia a vida como um todo, constrói e reconstrói mundos, mobiliza os inquietos, a todos nós humanos quer um pouco mais despertos. Ela não dita verdades... Ela desvenda afinidades, revela familiaridades, acende gosto, acorda desejos e reloca vontades. Está em mim, em ti, latente em toda a humanidade. Sua presença é capaz de transcender circunstâncias e transformar realidades... Medo da filosofia, pra quê?! Ela é o espelho que, no reflexo, te convida a viver e a celebrar encontros, com maiores e sempre renovadas presença e verdade. Nela encontro a mim acolhendo, em alegria, a alteridade."


Ana Rita de Calazans Perine

orior.com.br/ana-rita


May 20, 202304:51
Qualitativo MÃE, substantivo MULHER

Qualitativo MÃE, substantivo MULHER

"Apesar do caráter comercial do Dia das Mães, a data, fortemente introjetada no imaginário coletivo, demanda algumas reflexões. Entre elas a de que o qualitativo mãe não reduz o substantivo mulher.

Uma das mais difundidas máximas biológicas atrela o ser humano ao mecanismo de “nascer, crescer, reproduzir e morrer”. Que no ínterim a gente se recorde de viver!

Esses infinitivos nominais, imperativos, nos chegam com força de lei. Em alguns são tão fortemente alojados que desestabilizam estruturas psíquicas, seja pelo anestesiamento perverso que formata corpos e sufoca o livre-arbítrio, seja pelo pensamento crítico que rompe com a conveniente programação.

Os extremos “nascimento e morte” pouco movimentamos. Uma vez nascidos, a morte é inexorável, questão de tempo e circunstâncias para nos encontrar. Ainda que excepcionalmente possamos definir quando / onde / como, ela é inevitável, obrigatoriamente nos alcança.

Já o que pode ou não acontecer entre eles, “crescer e reproduzir”, nos fornece boas margens de manobra, também, fruto de escolhas! Uma alimentação de qualidade acompanhada de estímulos sensoriais, afetivos e intelectivos tende não só a desenvolver corpos como mentes saudáveis.

Corpos funcionais associados a mentes ativas e flexíveis são capazes de operar transformações benéficas, seja na esfera privada como na pública. Não se gesta apenas corpos, mas ideias, entre elas projetos capazes de acolher, desenvolver e emancipar muitas vidas.

Mulheres não são máquinas de reprodução. Podem, se assim o quiserem e puderem, eventualmente gestar corpos, sendo ou não casadas. Casamento também é uma escolha, não imposição.

O que faz de uma mulher Mãe não é o filho parido, mas o filho recebido! O cuidado no desenvolvimento e emancipação de um ser humano que chega frágil ao mundo não é questão de gênero, basta observarmos a conversão de muitos personagens sociais em Mães e Pais. Aí se inclui o Estado Necessário, em suas esferas municipal, estadual e federal. Além de ampliar e reforçar a designação de Família, abarcando uniões diversas.

Espelhando o pior de nossas sociedades, alguns núcleos sociais e familiares esbanjam preconceitos e hipocrisias, quando o que não lhes deveria faltar seria respeito e amor! Nesse contexto de cuidado emancipatório (que não aprisiona, mas liberta), é oportuna a metáfora de Gibran Kahlil Gibran, em O Profeta...

Filhos como flechas vivas que se projetam rápidas para longe. Mães e Pais como arco na mão do arqueiro (que pode ser entendido como deidade ou como a própria vida). A tensão do encurvamento oportuniza o voar da flecha. O arco, há que permanecer estável... Ajuda a sensação apaziguante de sermos todos amados e cuidados: arco que permanece e flecha que voa!

Que não nos percamos em papeis e trajetórias... Mães / Pais / Filhos, somos todos! Que chegue o dia em que, acalantados pela gratidão do privilégio do encontro, possamos celebrar a prontidão de estarmos juntos, sinalizando caminhos e estendendo as mãos."

Ana Rita de Calazans Perine

orior.com.br/ana-rita

May 09, 202304:51
Trabalho - relações e história

Trabalho - relações e história

"Trabalho pode ser definido como um conjunto de atividades humanas - físicas ou intelectuais, produtivas ou criativas - realizadas para atingir determinados fins, desde a obtenção de renda até a realização pessoal e profissional, passando por processos de desenvolvimento e transformações individuais e coletivas, nas esferas socioeconômicas e político-culturais.

Esse conceito se transformou ao longo da história. Na Antiguidade o trabalho era visto como vil e execrável. Na Idade Média como castigo, desprovido de prazer e valor. Hoje, símbolo de status e realização pessoal. Prova disso é o fato usual das pessoas se apresentarem pelo cargo que ocupam ou função que exercem, como se assim fossem capazes de representar a integralidade de quem são.

De um lado divagações um tanto romantizadas de como as atividades agregam a sociedade e aos seres humanos que as exercem, impulsionando comunidades e fazendo repensar condutas em direção a formas mais humanas de nos relacionarmos coletivamente. De outro a informalidade e a precariedade do trabalho e das relações trabalhistas que subjugam e não emancipam.

Lastimavelmente, em pleno século XXI, parcela significativa da população mundial não consegue alcançar o mais básico de seus objetivos: trabalho como forma de obter comida, abrigo e vestimenta.

A ideia sagrada de trabalho, como sacro-ofício, que diviniza o fazer como máxima expressão humana, vinculando-o ao prazer e a felicidade se contrapõe fortemente a ideia de trabalho como castigo, contida na etimologia latina da palavra, vinda de tripalium, instrumento de tortura.

O dia do trabalho, adotado por diversas nações, surgiu como forma de diminuir o abismo entre visões idealizadas e concretas, entre teoria e prática, e se deu na luta!

A data faz referência a greve operária que ocorreu em Chicago, nos Estados Unidos, em 1º de Maio de 1886, pela melhoria das condições de trabalho e redução da jornada de 13 para 8 horas. Muitos manifestantes mortos e vozes caladas.

Décadas mais tarde, em 1920, Paris relembra a data e reativa com vitória a luta pela redução da jornada de trabalho, instituindo-se na França o dia como feriado nacional.

Quatro anos depois, em 1924, aqui no Brasil passa a ser feriado oficial pelo decreto do presidente Artur Bernardes. Além de ser um dia de descanso, é uma data com ações voltadas para os trabalhadores. Não por acaso, a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) foi anunciada no dia 1º de Maio de 1943, pelo então presidente Getúlio Vargas.

Que ações conscientes de organizações públicas e privadas - incluindo a sociedade civil organizada e a celeridade ética dos Três Poderes, além da mobilização respeitosa da comunidade internacional - possam nos aproximar da utopia do trabalho como realizador de sonhos, comprometida com a sustentabilidade do Planeta, que passa, imprescindivelmente, pelo respeito à vida e zelo à dignidade humana."


Ana Rita de Calazans Perine

orior.com.br/ana-rita


Apr 24, 202305:15
LUTA, REVERÊNCIA, UNIÃO E CELEBRAÇÃO
Mar 09, 202309:38
A ARTE E O LÚDICO

A ARTE E O LÚDICO

Passado o Carnaval (ainda que para alguns mais um entre tantos feriados no calendário), aqui traduzido como uma das principais e mais democráticas festas populares, onde a alegria e a ludicidade (também espaços de resistência) dão o tom e podem, respeitosa e civilizadamente, ocupar ruas e avenidas, celebrando a vida e a capacidade de sonhar... Seja como consciente respiro nas agruras e mesmices cotidianas... Seja como protestos legítimos, resgates históricos e permissão menos engessada de expressão... O marco se faz e o ano começa... Feliz 2023!

Pensando na descontração da Festa em contraste com o rigor da existência, a plasticidade a todos molda... De repente sinais de alegria e beleza são detectados em meio a dor e a tragédia... A arte captura momentos e movimentos. Confere tom, tônus, pulso, ritmo a vida! Resgato aqui uma aproximação singela entre Nietzsche e Ferreira Gullar, que fiz em recente Sarau, aqui na Serra Gaúcha.

"A arte existe para que a realidade não nos destrua"... Quando Nietzsche assim falava não se referia ao culto da beleza apolínea, mas a densidade factível das tragédias que nos fazem reconhecer, lidar e, quiçá, transformar as dimensões do sofrimento inseridas na existência.

Nietzsche faz da tragédia forma de potencializar a vida por meio da experiência, de aproximar as leituras de mundo apolíneas e dionisíacas... Em algumas passagens encanta, em outras incomoda... Quase um Nelson Rodrigues da filosofia... Afinal de contas, quem foi que decretou a cisão entre Razão e Emoção, entre ideia (mundo inteligível, arquetípico) e fato (mundo sensível, concreto), entre abstrato e sensorial?! Eleger diálogos preferenciais com um plano não implica necessariamente na negação do outro. Assim fez Platão (com o inteligível), assim fez Aristóteles (com o sensível)... Nunca os percebi de costas um para o outro, quando não abraçados, estavam de mãos dadas.

Tenho a impressão de Ferreira Gullar, à sua maneira, navegar as mesmas águas, quando diz:  "A arte existe porque a vida não basta".

Prova dessa espécie de encantamento,  assombro e transbordamento que somos nós vida a fora, se nota em "Traduzir-se" (integra a coletânea "Na Vertigem do Dia" / poemas de Ferreira Gullar, de 1980 / posteriormente, popularizou-se musicado por Fagner, LP de mesmo nome, de 1984):

"Uma parte de mim
é todo mundo;
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.

Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.

Uma parte de mim
pesa, pondera;
outra parte
delira.

Uma parte de mim

almoça e janta;

outra parte

se espanta.

Uma parte de mim

é permanente;

outra parte

se sabe de repente.

Uma parte de mim

é só vertigem;

outra parte,

linguagem.

Traduzir-se uma parte

na outra parte

— que é uma questão

de vida ou morte —

será arte?"

orior.com.br/ana-rita

Feb 24, 202304:56
INCOMPLETUDE HUMANA
Dec 20, 202206:11
OS NINGUÉNS - Eduardo Galeano

OS NINGUÉNS - Eduardo Galeano

Justiça! Infelizmente o que menos se detecta em nossa sociedade, com um direito anacrônico e necrosado, que não só muito pouco ou quase nada se debruça sobre a alteridade como dela radicalmente se afasta, sempre que na aplicação da norma jurídica não se tem o devido cuidado de particularizar o universal que é a lei.

Se dar visibilidade aos "ninguéns" (que habitam em nós e entre nós), fazendo deles os "alguéns" que são, seria capaz de resgatar e potencializar o que há de humanidade em nós, qual a razão de tamanha resistência?!

orior.com.br/ana-rita


OS NINGUÉNS

As pulgas sonham em comprar um cão, e os ninguéns com deixar a pobreza, que em algum dia mágico de sorte chova a boa sorte a cântaros; mas a boa sorte não chove ontem, nem hoje, nem amanhã, nem nunca, nem uma chuvinha cai do céu da boa sorte, por mais que os ninguéns a chamem e mesmo que a mão esquerda coce, ou se levantem com o pé direito, ou comecem o ano mudando de vassoura.

Os ninguéns: os filhos de ninguém, os donos de nada.

Os ninguéns: os nenhuns, correndo soltos, morrendo a vida, fodidos e mal pagos:

Que não são embora sejam.

Que não falam idiomas, falam dialetos.

Que não praticam religiões, praticam superstições.

Que não fazem arte, fazem artesanato.

Que não são seres humanos, são recursos humanos.

Que não têm cultura, têm folclore.

Que não têm cara, têm braços.

Que não têm nome, têm número.

Que não aparecem na história universal, aparecem nas páginas policiais da imprensa local.

Os ninguéns, que custam menos do que a bala que os mata.


(Eduardo Galeano, em “O Livro dos Abraços”)

Aug 03, 202203:42
POÉTICAS DO EXISTIR - Nem negro nem branco, gris
Jul 22, 202205:31
OS FRUTOS DA TERRA - André Gide
Jul 07, 202203:08
OS ESTATUTOS DO HOMEM – Thiago de Mello

OS ESTATUTOS DO HOMEM – Thiago de Mello

Dia desses, na companhia de minha Mãe, revisitava um livro que guardo com muito carinho entre os mais significativos da minha estante, “Faz Escuro mas eu Canto” (14ª edição, 1996, Civilização Brasileira), adquirido com a dedicatória do autor, Thiago de Mello, em um domingo ensolarado que tive o privilégio de conhecê-lo, ouvi-lo e abraçá-lo. O poeta amazonense nos deixou fisicamente, aos 95 anos de idade, no princípio deste ano (em 14 de Janeiro de 2022), mas segue vibrante no coração de muitos de nós. Que para vocês faça tanto bem quanto fez para gente ouvi-lo em “Os Estatutos do Homem” (páginas 19 à 22 da edição citada), escrito em 1964, quando estava exilado no Chile.



Jun 22, 202206:22
CONSTRUINDO PONTES – Manifestação de Liliane Lana
May 23, 202203:59
Bertolt Brecht - Aos que vierem depois de nós

Bertolt Brecht - Aos que vierem depois de nós

Bertolt Brecht, dramaturgo e poeta alemão, viveu durante a época das Primeira e Segunda Guerras Mundiais, século XX. Humanamente insere em sua arte a dimensão social, palco da política enquanto consciente exercício de cidadania, que instiga, faz pensar, detecta problemas e se compromete com soluções.

May 18, 202205:37
CUIDADO E FINITUDE – Manifestação de Karolina Kanzler

CUIDADO E FINITUDE – Manifestação de Karolina Kanzler

Sentir descortina novos mundos e pode nos capacitar a melhor equalizar o pensar e o fazer, na direção de ser. Para alguns, a experiência da finitude tende a despertar maior cuidado com a vida e com o tempo, aguçando critérios na eleição das causas que abraçamos e sentido nas relações que tecemos vida afora. Conosco Karolina Kanzler: enfermeira intensivista, atuante na Serra Gaúcha. 

May 09, 202202:56
TRANSITORIEDADE E INCERTEZA - Manifestação de Mônica Schwarzwald (Astrologia encontra a Filosofia Clínica)

TRANSITORIEDADE E INCERTEZA - Manifestação de Mônica Schwarzwald (Astrologia encontra a Filosofia Clínica)

Ciência e Espiritualidade podem falar a mesma língua a partir do paradigma quântico, região em que a intuição e a racionalidade não mais se encontram dissociadas. E Astrologia e Filosofia Clínica, como legítimas expressões humanas, se aproximam. Com a palavra Mônica Schwarzwald, astróloga e filósofa em formação para a Clínica. 

 WhatsApp Mônica (61) 981395185


May 02, 202204:02
AMPLIANDO MUNDOS - Manifesto Fátima Queiroz

AMPLIANDO MUNDOS - Manifesto Fátima Queiroz

Plena e aberta a novos horizontes, Fátima Queiroz nos brinda com um Manifesto inspirador....

Apr 25, 202202:30
SINGULARIDADES TERAPEUTICAS - Manifestação Rogério Cozzi (Medicina Clássica Chinesa)

SINGULARIDADES TERAPEUTICAS - Manifestação Rogério Cozzi (Medicina Clássica Chinesa)

Rogério Cozzi se manifesta como filósofo e terapeuta em Medicina Clássica Chinesa que, na linha das terapias humanistas, parte de uma rica anamnese em constante diálogo com os modos de ser, ver e viver de quem a busca.

Email: cozzister@gmail.com

WhatsApp: (31) 99445 4646

Instagram: rogeriocozzi 

Apr 18, 202204:14
A MUDANÇA É A ÚNICA CERTEZA - Manifestação Mariza Niederauer
Apr 11, 202209:54
MANIFESTO Ana Rita

MANIFESTO Ana Rita

Inaugurando a nova temporada do FILOSOFIA CLÍNICA - Diálogos Transversais, deixo com vocês meu Manifesto Pessoal. 

Forte abraço, 

Ana Rita 

orior.com.br/ana-rita


MANIFESTO PESSOAL

Poderia iniciar esse Manifesto reassumindo o compromisso com meus próprios sonhos, ao invés dos que insistentemente nos são coagidos dia a dia na tentativa de anestesiar o sentir, bloquear o pensar, imobilizar o livre-arbítrio, impor rotas e rótulos, agendar vidas... Mas CANSEI, estou FARTA, EXAUSTA! Inclusive das verdades prontas que orbitam em papeis e propósitos.

Estou ENFARADA do peso dos livros! Não pensem que não os prezo, pelo contrário. Mas deveriam ser ferramentas libertárias e não nos encapsular em correntes de pensamento.

Leiam, leiam o máximo possível, mas com o deslocamento necessário para perceber e ativar discernimento e senso crítico... Lembrando que se as teorias não forem testadas com a prática, as ideias convertem-se em tecido adiposo que nos rouba a mobilidade.

E obesos estamos enquanto sociedade que freneticamente engole informações muito pouco confiáveis sem processar, como se o mais puro conhecimento fosse.

É “muito Cacique para pouco Índio”! Muitas placas indicam FORA o caminho quando a trilha já vem demarcada DENTRO.

De tanto CUIDADO, PARE, SIGA, ACELERE, DIMINUA nos reduzimos a meros seguidores, figurantes na nossa própria trajetória. BASTA! É muita bosta...

Eu que tanto defendi a importância da lei, a refuto em alto e bom som. Não venham desfilar preceitos na minha horta que meu adubo é de outra natureza.

Quero vazão, não contenção. Expressão, não regulação. Mais essência, menos perfumaria. Mais humanidade, menos caridade, caricatura de divindade. Mais aproximações, menos sectarismos e idealizações.

Gostemos ou não, estamos imersos na vida, somos a vida... Que não nos venham dizer como vivê-la!

Ana Rita de Calazans Perine

Canela / RS, Março de 2022


Apr 04, 202203:05
NOVA TEMPORADA - CHAMADA

NOVA TEMPORADA - CHAMADA

Sou Ana Rita de Calazans Perine e iniciamos uma nova temporada do FILOSOFIA CLÍNICA - Diálogos Transversais...

Vez ou outra necessito de significativas paradas, interromper o fazer para ser a fim de equalizar olhares e sentidos e não perder presença no que faço, oportunizando me reenergizar em cada feitura.

A expressão  humana me interessa, com o que tem de densidade e sutileza, colorindo em matizes várias as estruturas de nosso pensamento.

A linguagem é uma das formas de nos apoderarmos do universo que trazemos dentro e de o relacionar com outros tantos que nos rodeiam.

Palavra (escrita e posteriormente projetada em forma de som, pela fala) pode atuar sobre algumas singularidades como portais que permitem acesso a novas realidades.

Assim convido, aos que se sentirem instigados, a deixar seu Manifesto Pessoal, comportando percepções da vida, da filosofia e de seu fazer, que pode ser ou não dirigido à clínica...

Receberei por WhatsApp textos de uma lauda lidos em áudio de, no máximo, 5 minutos.

O material, depois de conferido com os devidos cuidados éticos (evitando ofensas dirigidas e preservando sigilos de casos clínicos) será respeitosamente disponibilizado no Canal.

O intuito, além de viabilizarmos expressão e aproximação de mundos dos profissionais e interessados em Filosofia Clínica é de, no conjunto, promovermos a dialógica transversal do sentir, pensar e fazer.

Agradeço a escuta. Um forte abraço a todos.

WhatsApp: (31) 98816 1708 

orior.com.br/ana-rita

Mar 28, 202202:25
MÚSICA E DANÇA

MÚSICA E DANÇA

Refletindo sobre como Música e Dança se inserem na plasticidade da existência, Ana Rita de Calazans Perine recebe Arnaldo Leite de Alvarenga (Bailarino, coreógrafo, preparador corporal, professor e pesquisador. Atua nas áreas de História e Memória da Dança, Estudos Corporais e Educação.Integra, como docente, o Departamento de Artes Cênicas da Escola de Belas Artes / UFMG)

https://www.instagram.com/arnaldoleitedealvarenga/

https://www.instagram.com/ensaiosdedanca/

"Olhares atentos e aguçados constatam que desde a vida intrauterina nos desenvolvemos e interagimos acompanhados por cadências rítmicas do pulsar. Música e Dança como impulsos de arranjos vivos que, em combinações variadas, ditam sequências de DNAs, especificidades frequênciais que nos mantém, regulam e singularizam.

Poética e metaforicamente dizemos que trazemos um tambor no peito, memória pulsante de tempos e lugaresque possibilitam leituras de mundo, aparições pontuais e protagonismos mais ou menos estendidos no palco da existência. Talvez travestido no “ponto” que assopra a fala, organiza as partituras, direciona cantos, movimentos e expressões.

Se o pulso ainda pulsa, se nós percebemos e ecoamos a música... O que nos caberia?! Chamar a vida para dançar, cocriar... Coreografar livremente com ela, a partir do nosso modo peculiar de interação..."

(Ana Rita de Calazans Perine)

orior.com.br/ana-rita

Nov 18, 202129:22
SENSOS DE CONEXÃO

SENSOS DE CONEXÃO

Ana Rita de Calazans Perine recebe Raimundo Soares (Engenheiro, Pós-graduado em Desenvolvimento Organizacional e Sistemas, Master em Biossistema Organizacional. Desenvolve indivíduos, lideranças, organizações e comunidades), ambos a frente do Instituto ORIOR – Resgate Filosófico, Transdisciplinaridade e Sustentabilidade. Discorre sobre os desafios contemporâneos e o auxílio do Pensamento Biossistêmico na elucidação e resolução dos mesmos.

Esse episódio inaugura uma nova etapa, onde o Canal passa a receber outras valiosas contribuições advindas de territórios não necessariamente percorridos por filósofos clínicos, e nem por isso menos importantes ou eficazes, pelo contrário, convertem-se em rico conteúdo pra incremento do repertório clínico e humano.

orior.com.br


"Conectados a uma realidade maior que a nossa própria parece que todos estamos, mas nem todos assim nos percebemos.

Carregamos mundos distintos, dentro e fora de nós, maneiras singulares de perceber e agir, que pode nos aproximar ou afastar de quem somos e dos que nos cercam.

Os sensos de conexão (histórico, com a natureza, com organizações, com a gente mesmo e os demais) se mostram um bom instrumento para essa preciosa aferição.

Afinal de contas, a forma como navegamos nesses mundos, (internos e externos) potencializa ou obstaculiza a expressão do ser no estar?"

Ana Rita de Calazans Perine

Oct 16, 202133:46
ARTE

ARTE

Ana Rita de Calazans Perine (filósofa clínica, cofundadora do Instituto ORIOR- Resgate Filosófico, Transdisciplinaridade e Sustentabilidade) recebe Valéria Sayão (especialista em filosofia clínica, bacharel em filosofia, formanda em práticas dialógicas em Saúde Mental com treinamento em Diálogo Aberto na abordagem da crise, gestora do projeto social Casa da Val, que atua na prática da Saúde Mental extramuros, em parceria com o Instituto Municipal Nise da Silveira / RJ).

https://casadaval.wixsite.com/casadaval-org

http://www.ccms.saude.gov.br/nisedasilveira/preservacao-memoria.php

"Muito já se falou de Arte...

Seja em sua forma arquetipicamente idealizada, onde em Plotino o platonismo encontra uma de suas expressões mais fiéis, ao correlacionar o Belo ao Bom, Justo e Verdadeiro, incentivando a busca e o percorrer do trajeto que une mundos sensível e inteligível, nos conduzindo da multiplicidade à unicidade, da Criação ao Ser, por meio da Inteligência.

Passando pela arte espontânea de Arthur Bispo do Rosário e tantos outros cuja erupção criativa propiciou encontrar voz e liberdade em meio ao isolamento dos muros.

Até experimentos como os de Marina Abramovic (Ritmo 0, de 1974), que evidencia o quão fácil é desumanizar quem não luta, não se impõe e se rebela contra o que fere sua própria integridade.

Em todos os casos parece ter assento e valia o conceito trazido por Platão: a paisagem só é bela na medida em que belos se tornam os olhos que a veem. Ainda que ao longo do processo nem sempre se identifique atividades e desejos orientados pelo Bem, maneira de acessar o Belo em forma de virtude, segundo Aristóteles.

Curiosamente percebe-se que o Belo marca presença mesmo na falta. Dia desses um poeta amigo iluminou um pouco mais meu dia, fazendo brotar um sorriso de cumplicidade em mim ao expressar que a vida até pode estar uma merda, mas segue sendo bela..."

(Ana Rita de Calazans Perine)

orior.com.br/ana-rita

Oct 09, 202133:60
POLÍTICA

POLÍTICA

Ana Rita de Calazans Perine (filósofa clínica, cofundadora do Instituto ORIOR- Resgate Filosófico, Transdisciplinaridade e Sustentabilidade) recebe Gláucia Rita Tittanegro (professora universitária, pesquisadora em saúde pública, filósofa clínica, consultora, integra o Núcleo de Trabalho do Recanto da Filosofia Clínica / São Paulo)  em um diálogo com a Política enquanto potencial espaço social e socializante, que ao abraçar o singular não nega tampouco reduz o plural.

recantodafilosofiaclinica.com.br

"O antagonismo de origem entre os termos idiota e político deságua na imprescindível confluência entre política e cidadania. Explico...

A palavra “idiota” nominava, na antiga Grécia, os que não estavam integrados na cidade ou estado, aqueles que só se ocupavam de si próprios, sem interesse e participação nos assuntos públicos, de grande relevância na época. Desta concepção a raiz idio, próprio.

Em contrapartida, o termo “político” (politikos), cívico, se origina do conceito de cidadania (polites = cidadão), mesma raiz da cidade (polis). Em uma sociedade onde a vida pública interessava a todos os cidadãos, os políticos se dedicavam ao governo colocando o bem comum acima dos interesses individuais.

Resumo da ópera... Ambas as palavras, idiota e político, de origem grega. A primeira em referência a pessoa que, fechada em si mesma, não participa da vida coletiva. A segunda designa quem se abre para o conjunto, quem participa da vida da comunidade. Com nobres exceções, parece que invertemos os polos... A necessária desioditização da política demanda o exercício consciente e assertivo da cidadania. Pelo andar da carruagem, foi-se o tempo em que confortavelmente nos eximíamos de ocupar o posto que nos cabe..."

(Ana Rita de Calazans Perine)

orior.com.br/ana-rita

Oct 02, 202134:06
EDUCAÇÃO

EDUCAÇÃO

Ana Rita de Calazans Perine (filósofa clínica, cofundadora do Instituto ORIOR- Resgate Filosófico, Transdisciplinaridade e Sustentabilidade) recebe Márcio José Andrade da Silva (filósofo clínico, professor, editor da Revista Partilhas, coordenador do Instituto Mineiro de Filosofia Clínica e Recanto da Filosofia Clínica, vice-presidente da Associação Nacional de Filósofos Clínicos / ANFIC), em um diálogo sobre a Educação, em meio a celebrações do centenário de Paulo Freire.

Instituto Mineiro de Filosofia Clínica - IMFIC: imfic.org

Recanto da Filosofia Clínica: recantodafilosofiaclinica.com.br

Livros ("Filosofia Clínica e Cinema", "Submodos" e "Tópicos"), podem ser adquiridos em: recantodafilosofiaclinica.com.br/loja

Revista Partilhas: revistapartilhas.org

Tese: NARRATIVAS, CRIAÇÃO, LUTA E RESISTÊNCIA: A presença da pedagogia freireana nos cotidianos escolares 

educacao.uniso.br/producao-discente/teses/Teses_2020/marcio-jose-andrade-da-silva.pdf

Vídeo encerramento defesa tese: youtube.com/watch?v=4knWc5T8m2c

Texto Introdutório:

"Tratar do tema Educação como “educere” (revelar, expor, tirar de dentro), capacita o ser humano não só a se expressar como a criticamente ler o mundo e a si próprio, segundo as representações que carrega e absorve. Entre seus máximos representantes, o brasileiro mais homenageado da história, patrono da Educação Brasileira, Paulo Freire, cujo centenário tem sido celebrado no Brasil e no Exterior.

Enfatizando que se movia como educador porque primeiro se movia como gente, o pensador influenciou o movimento da pedagogia crítica, defendendo que o educando cria o próprio caminho de sua educação, dita o rumo de seu aprendizado. A proposta: uma educação libertária, voltada para autonomia, diálogo e conscientização do sujeito.

Convém resgatar que na Antiguidade os centros de ensino eram espaços para reflexão e debate. Como em Atenas: a Academia de Platão e o Liceu de Aristóteles.

A Civilização Romana consolida o binômio professor-aluno, em um modelo educacional reservado as elites, que equilibrava saber, arte e exercício físico.

Na Idade Média, período de nascimento das primeiras universidades e das escolas municipais para órfãos, os centros de cultura estavam fortemente ligados à igreja.

A partir do Iluminismo, século XVIII, surge a educação pública gratuita e obrigatória. Como instituição regulamentada pelo Estado se desenvolve ao longo do século XIX, junto com a expansão capitalista. O que fortalece a crítica de que a Educação se preocupa bem mais em fornecer mão de obra para demandas do mercado do que em desenvolver o ser humano a partir de suas singularidades.

Antes o caminho profissional da maioria da população parecia ter rumo certo: fábricas e comércio. Para esses o sentido da existência não só se atrelava a manutenção da vida enquanto sobrevivência, como a ela se restringia.

Agora, considerando-se que o universo de possibilidades possa ter sido ampliado, algo a ser analisado dentre a realidade de tantos brasis que cabem em um só, quais interesses justificariam a redução do olhar para a e por parte da Educação..."

(Ana Rita de Calazans Perine)

orior.com.br/ana-rita

Sep 25, 202131:44
MEDICINA

MEDICINA

Ana Rita de Calazans Perine (filósofa clínica, cofundadora do Instituto ORIOR- Resgate Filosófico, Transdisciplinaridade e Sustentabilidade) recebe Genisson Guimarães (médico de família, psiquiatra, filósofo clínico, escritor), em um diálogo sobre a Medicina à luz da Filosofia Clínica.

Contato e livros do convidado:

genisson.guimaraes@gmail.com

recantodafilosofiaclinica.com.br

A Borboleta Amarela e o Mendigo 

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Contos & Encontros - Entre a essência e a realidade

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Metadiálogo mencionado:

imunontologia.com.br/goiaba-goiabeira-abr-2012/

Texto Introdutório:

"Embora o procedimento da ausculta - maneira de ouvir atentamente os sons do interior do corpo do paciente - figure na propedêutica clínica, junto a outros que demandam os sentidos despertos do médico... Como seu tempo se mostra no tempo da consulta?

Não raro a anamnese de postos de saúde consiste de duas perguntas e de nenhum toque. As perguntas: o que você está sentindo (qual seu incômodo, queixa) e o que você costuma tomar para isso.

Michel Foucault indagava... “Por que foi que fizemos dos manuais de diagnósticos a bula da vida?” Nós nos perguntamos... Até que ponto a Classificação Internacional de Doenças (CID) é regulada pelo lobby da indústria farmacêutica? A força dessa regulação não corre sério risco de ferir as bases da Medicina (respeitar a vida humana, sua autonomia e dignidade), justo por ceifar a singularidade e corromper a relação médico / paciente?

Antonin Artaud - artista plástico, poeta, ator, dramaturgo e pensador francês - foi tido como louco e internado por nove anos. O tratamento a que foi submetido prejudicou memória, corpo e pensamento. Ele escreveu aos diretores dos Asilos de Loucos: “Senhores, as leis e os costumes concedem-lhes o direito de medir o espírito. Esta jurisdição soberana e terrível, vocês a exercem seguindo seus próprios padrões de entendimento... a credulidade dos povos, dos especialistas, dos governantes reveste a psiquiatria de inexplicáveis luzes sobrenaturais. A profissão que vocês exercem está julgada de antemão; não pensamos em discutir aqui o valor dessa ciência, nem a duvidosa existência das doenças mentais; porém para cada cem classificações, onde as mais vagas são também as únicas utilizáveis, quantas tentativas nobres se contam para conseguir melhor compreensão do mundo em real, onde vivem aqueles que vocês encarceraram?”

Contestador nato, talvez por isso rebelde, maldito e marginalizado. O grito de Artaud é por mais vida. Sua busca, a compreensão do sentido vital, existencial e político do ser humano que precisa se refazer constantemente na direção de sua própria humanidade. Dialogaram com seu pensamento: Picasso, Simone de Beauvoir, Sartre, Lacan, Derrida, Deleuze, Guattari...

Há um metadiálogo interessantíssimo contido no “Guia Incompleto de Imunologia”, de 1993, de Nelson Vaz e Ana Maria Faria, intitulado “Goiaba, Goiabeira...”, onde pai alerta filha sobre a diferença entre o que se faz e o que se é. Parece valer não só para goiabas..."

(Ana Rita de Calazans Perine)

orior.com.br/ana-rita

Sep 18, 202129:55
LITERATURA

LITERATURA

Ana Rita de Calazans Perine (Filósofa Clínica, cofundadora do Instituto ORIOR - Resgate Filosófico, Transdisciplinaridade e Sustentabilidade) recebe Paulo Roberto Grandisolli (filósofo clínico, professor, consultor, integra a equipe do Recanto da Filosofia Clínica / SP), em um diálogo sobre a representação da Literatura na vida e na clínica.

Contato Convidado:

recantodafilosofiaclinica.com.br

Texto Introdutório:

"Relação continuada que sobrevoa ideias complexas e aterrissa em sensações, a nossa e a dos livros. Quem  já não capturou ou se deixou capturar pelas emoções, até dos jargões neles contidos.

Galeano, no enfrentar silêncios para recuperar o não dito, é danado. Ele nos faz reverberar em outro plano, flexibiliza o fadado.

Momento do devaneio poético, diria Bachelard. De tanto concentrar para ordenar imagens - como plantas, necessitam de terra e de céu - o imagético enlaça o simbólico e encontra novos imaginários. Jung, Campbell... O escarcéu.

Utopia... Por intermédio dos livros exercitamos maneira nata, em seus mais diversos gêneros, de enxergar a nós mesmos e até manejar circunstância que mata. Distopia...

As pessoas no Pessoa acordam outras em nós. Qual a sintonia... Termos agendados no intelecto partejando ideias... Ressignifica e marca autogenia.

Navegar Camões nos arrebata. Ora pela tormenta que clama por sonhos. Ora pela calmaria que suspende a vida que a nós se ata.

Clarice é seca pancada que desaloja, nos desperta do torpor.  O corriqueiro, banhado pela espontânea poesia, amplia olhares e transborda em novos horizontes a dor.

Vargas Llosa talvez questionasse se teria ou não valia. Se há alguém que fala, a fala vem de algum lugar. Do pensamento a seu modo estruturado, não se dá à revelia.

Sartre conjura, enlaça o insano em outra envergadura. Desatino humano que encontra coisas antes mesmo das palavras. Confere existência à poesia na loucura.

Com persistência de andarilho, o livro ao leitor ementa. Em recíproca inversiva aparece como sujeito oculto por ruídos travestidos. E durma com essa contenta.

Representação em essência. Que poder é esse que vem com a leitura... Se em sua função não conclui, só desencadeia, a literatura... Em meio a épicos flagelos, ascende em resistência.

O inventado humano... Lê com o que tem, com o que é e como pode. Contida a narrativa ou derramada em prosa, Shakespeare o faz brotar sublime... Na plenitude, onde sagrado encontra profano.

Nietzsche arremataria... Humano, demasiado humano... Mistério posto, mesmo que não revelado. Indício não concluso de aí radicar sua supremacia... Não seria super, o homem alado.

Físicos ou não, o que não é substituído é a experiência que proporcionam ao serem lidos. Autor e leitor mesclam mundos e da dança compartilhada novos passos cadenciam em compasso. Devassam paixões... E ainda mais vivos... Os livros... Rompem grilhões."

(Ana Rita de Calazans Perine)

orior.com.br/ana-rita

Sep 11, 202133:49
CORPO MENTE

CORPO MENTE

Ana Rita de Calazans Perine (Filósofa Clínica, cofundadora do Instituto ORIOR- Resgate Filosófico, Transdisciplinaridade e Sustentabilidade) recebe Elizabeth Alves (filósofa, terapeuta, sistematizadora do Yoground, a yogaterapia que trabalha a raiva e o medo), em um diálogo sobre as possíveis interseções entre níveis físico, emocional e mental.

Contato Convidada: yoground.com

Texto Introdutório:

"O que pensamos parece afetar nosso corpo. Da mesma forma, o que fazemos com nosso corpo parece afetar nossa mente.

A citação do poeta romano Juvenal, "mente sã em corpo são", que exaltava a virtude ao alertar para que as orações pedissem o essencial, saúde física e espiritual, encontra a máxima pitagórica: "não faças de teu corpo, a tumba de tua alma".

Platão, em A República, como pré-requisito de uma educação que desperte e potencialize o humano, enfatiza a necessidade de ginástica para o corpo e de música para a alma.

Nietzsche, provavelmente constatando rupturas e devaneios, alerta e reposiciona... "Há mais sabedoria no teu corpo do que na tua filosofia mais profunda."

Eduardo Galeano, no que muito lembra Espinosa, sentencia a dádiva... "O corpo não é uma máquina como diz a ciência. Nem uma culpa como nos fez crer a religião. O corpo é uma festa."

Da mesma forma que a natureza pode ser compreendida como um livro aberto a ser lido, nosso corpo físico também pode ser encarado como substrato material que permite registros, impressões de pensamentos e emoções.

Assim sendo, como andam nossos corpos e o que revelam de nós?!"

(Ana Rita de Calazans Perine)

orior.com.br/ana-rita

Sep 04, 202132:37
ADICÇÕES

ADICÇÕES

Ana Rita de Calazans Perine (Filósofa Clínica, cofundadora do Instituto ORIOR- Resgate Filosófico, Transdisciplinaridade e Sustentabilidade) recebe Giovanni Guimarães Vargas (advogado, filósofo e terapeuta), em um diálogo sobre as dependências no mundo contemporâneo e como ultrapassam o território das drogas, levando adoecimento e toxidade as relações.

WhatsApp Giovanni: (31) 99836 9277

Do filósofo espanhol mencionado: "Eu sou eu e minha circunstância, e se não salvo a ela, não salvo a mim" / José Ortega y Gasset ("Meditações do Quixote", 1914)

Texto Introdutório:

"Por mais que nos julguemos imunes a agentes externos e que tendamos a introspecção e solitude, estamos imersos em correntes de pensamento. Elas nos chegam por sons, imagens, ideias, ações... Estar vivo é, de alguma maneira, afetar e ser por elas afetado. Por seu intermédio tocamos o outro, o mundo e a nós próprios.

Música, dança, pintura, literatura, projetos, estudos, relações... provocam conversações, interseções onde uma estrutura de pensamento encontra ou colide com outra. Giramos entorno do mundo e de nós mesmos em busca de apaziguar os impactos, incômodos de nos sentirmos mais ou menos vivos.

Respeitadas as singularidades, convém, com deslocamentos e atenção necessários, percebermos e elegermos dentre as correntes de pensamento as que maior contentamento e realização nos trazem, as que permitem nossa mobilidade e expressão. Isso, sem perder de vista a saúde do agrupamento humano que nos cerca: família, amigos, sociedade.

Em contrapartida, amostragem significativa e crescente da população se vê aprisionada em subterfúgios que, passado o momento da euforia, quase sempre trazem dor e aflição. As adicções, dependências de toda ordem (química, emocional, intelectual, espiritual), que embotam o bom senso, o discernimento e a sensatez. Anestesiam o humano."

(Ana Rita de Calazans Perine)

orior.com.br/ana-rita

Aug 29, 202136:21
ESPIRITUALIDADE

ESPIRITUALIDADE

Refletindo sobre a presença da espiritualidade na vida e na clínica, Ana Rita de Calazans Perine (filósofa clínica, cofundadora do Instituto ORIOR - resgate filosófico, transdisciplinaridade e sustentabilidade) recebe Kélsen André Melo (filósofo, terapeuta, escritor, professor, coordenador do Instituto Fiholosofico), que discorre sobre sua trajetória e como a Filosofia Clínica o auxilia na abordagem e trato das questões espirituais.

Links disponibilizados pelo Convidado:

institutofiholosofico.com.br

filosofiaclinicachapeco.com.br/copia-fc-corpo-docente

youtube.com/watch?v=0Ut0y134HAE

Texto Introdutório:

"Entre as especificidades próprias do humano enquanto espécie, a possibilidade de contemplar e de se relacionar com uma dimensão maior que a sua própria, por aceite ou negação, parece lhe diferenciar de outras formas de vida.

Pesquisas indicam e quem convive com eles atesta cotidianamente, que os animais em geral demonstram capacidades de pensar, sentir e fazer, ainda que em níveis bastante diferenciados, alguns mais, outros menos conscientes.

Em contrapartida, indícios robustos associam exclusivamente ao ser humano a capacidade de "religare" (tornar a unir, a partir da percepção da separação), raiz comum das religiões (enquanto preceitos pre-estabelecidos) e expressões espiritualistas (enquanto caminhos próprios de acesso).

Sentida e vivida de maneira singular, a espiritualidade encontra destaque não só na história da filosofia como também na filosofia da história, justo por se fazer presente na trajetória humana e alimentar a dimensão simbólica que nos é tão peculiar.

Entre aquele que acredita e aquele que desacredita na existência de uma ordem implícita no universo, que tudo permeia e envolve, a incógnita faz a interseção: ambos se relacionam com o mistério que ignoram, com algo que não conhecem nem plenamente alcançam."

(Ana Rita de Calazans Perine)

orior.com.br/ana-rita


Aug 21, 202127:44
ENRAIZAMENTO E ABERTURA

ENRAIZAMENTO E ABERTURA

Refletindo sobre a localização existencial da Filosofia Clínica no cenário das filosofias aplicadas e outras expressões terapêuticas, em "Enraizamento e Abertura", Ana Rita de Calazans Perine (filósofa clínica, cofundadora do Instituto ORIOR - resgate filosófico, transdisciplinaridade e sustentabilidade) recebe Fernando Fontoura (filósofo, terapeuta, professor da Casa da Filosofia Clínica e da Epoché), que discorre sobre a singularidade da Filosofia Clínica, sua posição de Metaterapia e os cuidados necessários ao dialogar com outras áreas do conhecimento, evitando erros de categoria prejudiciais a interseção.

Links disponibilizados pelo Convidado:

casadafilosofiaclinica.blogspot.com

https://epochefilosofiaclinica.com/

Leitura sugerida: "Ideias para uma Fenomenologia Pura e para uma Filosofia Fenomenológica" / Edmund Husserl

Texto Introdutório:

"As origens da Filosofia já enlaçam seu caráter fenomenológico, relacional e terapêutico. Sua história, composta de trilhas percorridas e estradas recém pavimentadas, tem como horizonte a promoção de bem-estar integral.

A Filosofia não se restringe a Academia, pelo contrário, é justo ao longo do processo histórico que ela paulatinamente se torna acadêmica. A presença do livre exercício de sentir, pensar e viver (com os assombros derivados) é lida na humanidade desde os primeiros grunhidos e expressões rupestres até as volumosas teses dos centros de excelência contemporâneos.

Estudos comparados entre civilizações distintas, cada qual com suas categorias, retrato de época e cultura, não raro revelam maiores e mais significativas semelhanças do que diferenças. Os indícios são de que os períodos mágico, religioso, filosófico e científico da humanidade sempre coexistiram, já que respeitadas as singularidades de indivíduos e desafios enfrentados, todas as épocas fizeram, a seu modo: arte, ciência, política e religião.

Seria atitude desprovida de inteligência, lógica e razão não legitimar diferentes vias de acesso. Quando examinadas pelo viés filosófico que as correlaciona, muros caem e pontes surgem.

Imersos no fluxo da existência, com a filosofia como ferramenta cotidiana, somos corresponsáveis por mantê-la viva, (plástica, tocando e sendo tocada), nos afastando da necrose vinda da rigidez de dogmas. Enraizados sim, na nossa própria história, em quem somos e no que nos cabe, e justo por isso, com abertura, ousadia e coragem suficientes para construir e trilhar pontes ao invés de erguer muros."

(Ana Rita de Calazans Perine)

orior.com.br/ana-rita

Aug 16, 202136:21
TRAMAS DO EXISTIR

TRAMAS DO EXISTIR

Refletindo sobre construções compartilhadas e nossa disponibilidade para alcançar o mundo do outro, em "Tramas do Existir", Ana Rita de Calazans Perine (filósofa clínica, cofundadora do Instituto ORIOR - resgate filosófico, transdisciplinaridade e sustentabilidade) recebe Miguel Ângelo Caruzo (professor, escritor e filósofo clínico), que nos fala sobre sua relação com a escrita e o recém lançado "Introdução a Filosofia Clínica" (Editora Vozes & Casa da Filosofia Clínica).

Contato Convidado: linktr.ee/miguelangelocaruzo

Texto Introdutório:

"Ninguém faz nada sozinho. Toda universalização demanda atenção, mas (traduzindo) a utilizo como contraponto da geração não incluir elementos preexistentes, abrindo a possibilidade de nos percebermos também como resultado e resultante, inseridos em textos e contextos, onde muitas vidas nos permeiam e habitam.

A trajetória do pensamento humano (agora utilizando uma metáfora, um vice-conceito) pode estar mais para corrida de bastão do que para 100 metros rasos. Não raro a riqueza das ideias se sustenta em construções compartilhadas, onde caminhos percorridos se permitem ser transpassados por outros tantos, configurando transversalidades, à semelhança de pontos que se cruzam, formam e possibilitam novos constructos.

Nessa malha intelectiva, mundos (interno e externo, inteligível e concreto) podem se encontrar ou chocar. A disponibilidade para alcançarmos o mundo do outro (em deslocamentos vários)  pelo que temos de semelhante, apoiados em nossos papeis existenciais (e além, no que nos faz humanos), ditará a qualidade da interseção, das relações que estabelecemos vida a fora, conosco mesmo e com nosso entorno.

Nessa dinâmica de flutuações e ajustes, se dá a trama do existir..."

(Ana Rita de Calazans Perine)

orior.com.br/ana-rita

Aug 08, 202133:06
Apresentação Canal: FILOSOFIA CLÍNICA - Diálogos Transversais
Aug 04, 202101:08